domingo, 29 de novembro de 2009

Sonho Alquímico II - O celacanto







Um pescador joga sua rede no mar mais profundo e traz com ela à superfície um Celacanto vivo. O Celacanto não deveria existir, pois já é um fóssil de milhares de anos. O Celacanto não deveria existir, porque recusou-se a viver nas águas que lhe foram destinadas por Deus. O próprio Celacanto é o momento inicial de uma explosão de vida no universo, o momento especial em que um ser da água se tornou um híbrido e se tornou capaz caminhar na terra e respirar o ar. O Celacanto é o resultado da lenta coagulação das águas primordiais, do caos indiferenciado, do antes de tudo, do sem fundo. Um ser com faísca de vontade que libertou-se dos limites da existência líquida. A terra que pisou, o ar que respirou, ainda não era habitado pela chama da vida. O Celacanto rompeu os limites traçados para ele pelo Criador. Não tinha pés, mas membros que se arrastavam, não tinha pulmões, mas peitos que arfavam. Mas isso foi o bastante, pois o Celacanto abriu sua boca e falou: eu ouvi as palavras de Deus no Gênesis e povoei a terra de seres terrestres e os ares de seres alados.


O Criador do alto dos céus mantém a criação em revolução

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sonho Alquímico I - O cão e o mar





Um barco de pesca singra o mar num dia com brisa suave e ensolarado. De repente, o barco faz a volta, desliga o motor e os homens da família que estava no barco vestem apressados o equipamento e mergulham. Comenta-se com apreensão que um cão caiu no mar e afundou. Passam-se momentos de angústia e a busca é infrutífera. Decidem voltar à terra firme. No caminho, após desoladas horas de viagem, avistam a cabeça do cão desaparecido, estranhamente parada, acima da superfície da água. Ao se aproximarem do cão, o barco toca num banco de areia e todos percebem que o cão está de pé, com os pés apoiados no fundo do mar que se eleva perto da superfície justamente nesse ponto. Todos ficam felizes e resgatam o cão para bordo. O cão é muito escuro, quase preto, de estrutura grande e muito forte. A dona do cão, abraça-o e diz que ele se chama Fundamentos, que ele afundou, chegou ao fundo do mar e caminhou por baixo d’água até o ponto onde foi encontrado. Diz, ainda, que só Fundamentos poderia ter feito isso!


"O avançar é um retroceder ao fundamento, ao originário e verdadeiro."

Hegel, na Ciência da Lógica.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

SMASH BROS. - Sonic 3 - The Boss Theme

SMASH BROS. - Sonic 3 - The Boss Theme

Sempre adorei trilhas sonoras. Elas são como um extrato concentrado, uma pequena biblioteca de trechos clássicos e empolgantes de vários estilos de música que fizeram a cabeça de gerações passadas. Grandes mestres como Ennio Morricone, Lalo Shiffrin, Henry Mancini emprestaram sua arte às trilhas sonoras. A molecada de hoje tem descoberto esse tesouro musical nas trilhas dos Video Games. Muito ao contrário de se empobrecer com as modas musicais do mercado, descobrem sons clássicos onde o Super Mário é apenas aquele que lhes apresenta as delícias de um Mambo Nº5 de Peres Prado. Com vocês, a melhor banda de Vídeo Game Music (VGM) do Brasil: SMASH BROS., é formada por Caio e Julio nas guitarras, Shin no baixo, Bruxo nas baquetas e Bruna nos teclados.


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Hipócrates: viver é poder cozinhar, com saúde, é saber temperar




HIPÓCRATES: viver é poder cozinhar, com saúde, é saber temperar






Hipócrates foi o maior representante da Escola de Medicina de Cós (460 a.C.– 377 a.C.).

A escola de Cós se contrapunha à vizinha Escola de Medicina de Cnide que baseava-se na identificação das diferentes doenças e dos diferentes órgãos humanos que podiam adoecer, buscando os tratamentos adequados a cada doença particular e a cada órgão particular (semelhante ao que se pratica na medicina moderna).

A escola de Cós, ao contrário, praticava a medicina que concebia a doença como uma afecção geral do organismo, ou seja, para estes médicos, não existiam “doenças”. Existia apenas o doente e sua evolução particular.

Hipócrates concebia o médico apenas como um auxiliar da natureza. Só a natureza é que podia produzir a cura. Só a “vis medicatrix”, a força curativa da natureza, é que atuava positivamente na evolução do doente e agia no sentido de restabelecer a Eucrasia, a perfeita proporção (acento, crase) entre os quatro "humores", única a cada indivíduo, que proporciona o estado saudável.

Os quatro humores não representam apenas estados imanentes do indivíduo, mas seus fluxos internos e entre seu corpo e seu ambiente. Em todos os momentos, estão “entrando e saindo” do corpo sons, calores, frios, ventos, águas, comidas e excreções. O corpo, em todos os momentos, está em alguma forma de exercício ou repouso.

Assim, os elementos quentes e secos, correspondendo ao Fogo, produziam fluxos de bílis amarela (o humor colérico); os elementos quentes e úmidos, correspondendo ao Ar, produziam fluxos de sangue (o humor sangüíneo); os elementos frios e úmidos, correspondendo à Água, produziam fluxos de fleuma (o humor fleumático); os elementos frios e secos, correspondendo à Terra, produziam fluxos de bílis negra (o humor melancólico).

A Discrasia, ou o excesso humoral, significava tanto a concentração, o acúmulo de um determinado humor numa parte do corpo, como a falta desse mesmo humor em outra determinada parte do corpo, causando dor e doença.

A força vital é, para Hipócrates, um “calor interno inato” de cada indivíduo. Esse calor interno inato é o único capaz de “cozer, cozinhar” os humores “crus”. O acúmulo humoral produzia doença por que o corpo sofre com a presença de um humor no seu estado puro, bruto, cru. A saúde, na concepção hipocrática, é a capacidade contínua do corpo de “temperar” os humores crus e eliminar os excessos humorais. Os humores também são chamados “temperamentos”.

A ação do médico, portanto, dependia de sua capacidade de identificar, pela observação minuciosa do comportamento global do indivíduo, de sua hereditariedade e de seu meio ambiente, qual era a evolução da doença, antecipando as terapêuticas adequadas para auxiliar a força curativa natural a restabelecer as condições saudáveis.

Hipócrates identificava três fases ou estágios típicos da evolução da doença: a fase da Crueza (Apepsia) onde se manifestavam os sintomas dos excessos humorais; a fase da Cocção (Pepsis) onde se manifestava a capacidade do corpo de “cozer, temperar” os excessos humorais e a fase da Terminação (Crisis) onde se manifestava a resolução do excesso humoral pela cura (com sua eliminação bem sucedida pelo corpo), pela apóstase (com sua transferência para outra parte do corpo mais capacitada a um novo processo de Cocção), pela lise (com a dissolução gradual do excesso humoral) ou pela morte (que era concebida como a interrupção/paralização da Cocção, a perda definitiva do “calor interno inato”).

A terapêutica hipocrática, baseada no acompanhamento minucioso da evolução da doença e no princípio do "primum non nocere", primeiro não prejudicar, buscava auxiliar a força curativa natural dando a cada coisa pelo seu contrário” (a fome se cura comendo, a sede bebendo, a fadiga pelo repouso, etc.). Seu arsenal terapêutico fazia uso de caldos e papas, em geral de cevada, mel (também na forma de hidromel, mistura de mel e água, ou oximel, mistura de mel e vinagre), diferentes tipos de vinhos e plantas medicinais (chás), purgativos, ungüentos, sangrias, banhos, exercícios e repousos. Na medicina hipocrática Dieta significava terapêutica onde eram indistinguíveis remédios, alimentos, exercícios e repousos.

A terapêutica não envolvia apenas o doente, mas suas relações com a sociedade e seu meio ambiente. Hipócrates foi o primeiro a caracterizar claramente as Epidemias (título de um de seus livros) como processos de doenças que envolvem a sociedade e o meio ambiente.

No entanto, a principal arte do médico era o correto prognóstico da evolução da doença, que dependia da observação do comportamento global do doente, principalmente para a antecipação dos dias críticos (dos dias em que ocorreria a fase de Crisis) pois era também a aplicação no momento adequado da evolução da doença que garantia a eficácia do tratamento.

Hipócrates e a escola de Cós, desenvolveram um forte sentido ético do exercício da medicina, reagindo contra os diversos tipos de aproveitadores e charlatões.

No seu famoso Juramento, o médico obriga-se a manifestar gratidão aos que lhe ensinaram sua arte, compromete-se a usá-la, unicamente e sem nenhuma exceção, em benefício dos pacientes, obriga-se a conservar puras sua vida e sua arte e a não revelar os segredos que lhe forem revelados em virtude de sua profissão.

Um de seus Aforismos aponta para a humildade da disposição intelectual do médico:
“A vida é curta, a arte é longa, a oportunidade é fugaz, a experiência é enganosa, o julgamento é difícil.”


Os médicos modernos, juram por Hipócrates, da Escola de Cós, mas praticam pela Escola de Cnide.

Fonte: TAVARES DE SOUZA, A. Curso de História da Medicina: das origens aos fins do séc. XVI. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1981. pp.48-67.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Retrofoguetes - Maldito Mambo!

Retrofoguetes - Maldito Mambo!

Já imaginaram uma banda formada por roqueiros baianos com umas guitarras superenfezadas e que toca uma mistura de música do Circo Espacial de Moscou com trilha de filme de ficção científica e Chá Chá Chá (título do último CD dos caras). Eles são o Retrofoguetes, com faixas com títulos como: "As concubinas mecânicas do Dr. Karzov", "Vênus Cassino", "Monga, meu Amor", "Fuzz Manchú"! Recomendo a qualquer hora, mas é delicioso para aquecer uma festinha. Os amantes da música caribenha perdoem o título. É que depois de ouvir, esse Mambo não sai mais da cabeça!




terça-feira, 17 de novembro de 2009

Diálogo com um ovo falante em cima do muro



Diálogo com um ovo falante em cima do muro



– Quando Eu uso uma palavra – disse Humpty Dumpty em um tom de escarninho – ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique ... nem mais nem menos.

– A questão – ponderou Alice – é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas tão diferentes.

– A questão – replicou Humpty Dumpty – é saber quem é que manda. É só isso.


Através do espelho e o que Alice encontrou lá.

Lewis Carroll

(com ajuda do sociólogo-comediante FHC)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Adeus a Seo Carlinhos, Brother in Arms!



Adeus a Seo Carlinhos, Brother in Arms!






Hoje a terra ficou mais triste e no céu, com certeza, rolará uma bela Jam Session de boas vindas a Seo Carlinhos (Carlo Alberto de Paula), operário da guitarra, multi-instrumentista, ouvido absoluto, mestre pelo exemplo, amante fiel do bom e velho Rock, pai da Bruna (guitarrista da Children of Rock'n'Roll e tecladista da SmashBross) e do baixista André. Aqui nossa homenagem com uma banda que Seu Carlinhos adorava e interpretava como ninguém, Dire Straits.