sábado, 5 de setembro de 2009

Del rigor en la ciencia


Uma brincadeira irresponsável
com Jorge Luis Borges:
mensagem (de)cifrada em
“Del rigor en la ciencia”


Del rigor en la ciencia
... En aquel imperio, el Arte de la Cartografía logró tal Perfección que el mapa de una sola Provincia ocupaba toda una Ciudad, y el mapa del Imperio, toda una Provincia. Con el tiempo, esos Mapas Desmesurados no satisficieron y los Colegios de Cartógrafos levantaron un Mapa del Imperio, que tenía el tamaño del Imperio y coincidía puntualmente con él. Menos Adictas al Estudio de la Cartografía, las Generaciones Siguientes entendieron que ese dilatado Mapa era Inútil y no sin Impiedad lo entregaron a las Inclemencias del Sol y de los Inviernos. En los desiertos del Oeste perduran despedazadas Ruinas del Mapa, habitadas por Animales y por Mendigos; en todo el País no hay otra reliquia de las Disciplinas Geográficas.
SUÁREZ MIRANDA: Viajes de Varones prudentes,
libro cuarto, cap. XIV, Lérida, 1658.


Não tenho problema em confessar minha condição de ignorante neófito na leitura de Jorge Luis Borges, embora me persiga uma estranha sensação de intimidade quem sabe desfrutada em outras vidas.
Creio, no entanto, ser capaz de apreciar sua crítica mordaz e irônica ao que de melhor produziu a alta cultura dos centros da civilização ocidental: sua ciência e sua filosofia, irmãs mais novas da sua velha raiz judaico-cristã.
Minha convivência com engenheiros agrônomos, topógrafos e cartógrafos, e principalmente com os praticantes da versão mais radical de mistificação científica, a “ciência econômica”, me atraíram desde cedo para esse texto de Borges – Del rigor en la ciencia – que ficou-me gravado na memória, além da ironia, pela inusitada utilização de algumas letras maiúsculas, aparentemente a destacar certas palavras ou expressões como se fossem títulos.
Somente por um irresistível chamado de regiões telúricas, ouso essa brincadeira irresponsável com Jorge Luis Borges que adorava livros e bibliotecas e conhecia métodos de catalogação já esquecidos.
Usei o mais primitivo, os sinais que se organizam em sons, palavras e línguas que civilizações antigas misteriosamente ordenaram e que se acha em todas as bibliotecas: a ordem alfabética.
Tomei cada palavra como se fosse o título de um livro e fui colocando-os em seu lugar em cada prateleira de minha estante na ordem em que aparecem no texto:



A
C
D
E
aquel
Ciencia
Desmesurados
Estudio
Arte
Cartografía
dilatado
entendieron
Adictas
Ciudad
Desiertos
entregaram
Animales
Colegios
de Cartógrafos
despedazadas
coincidía
Disciplinas
G
H
I
L
Generaciones
habitadas
Imperio
logró
Geográficas
hay
Inútil
levantaron
Impiedad
Inclemencias
Inviernos
M
O
P
Mapa
ocupaba
Perfección
Menos
Oeste
Provincia
Mendigos
otra
puntualmente
perduram
País
R
S
T
Rigor
sola
tal
Ruinas
satisficieron
toda
reliquia
Seguientes
tenía
sin
tiempo
Sol
tamaño


Des-cifrando minha estante, cada cifra-prateleira contou uma oração de um novo texto de Borges.
Sim, pois nesse novo texto, se reconhece Borges em cada letra, só que potencializado, mais crítico ainda, mais mordaz, mais claro e feroz contra uma ciência estupidamente vinculada a um poder irracional, mas, também mais esperançoso, mais orgulhoso de nossa profunda sabedoria "mendicante" latino-americana, capaz de construir sobre os escombros irracionais da civilização ocidental um novo caminho, de traçar um novo mapa, mesmo sem ver o sol, para um outro oeste.





“Una Viaje de un Varón Prudente”
A aquella Arte eran Adictos Animales.
En los Colegios de Cartógrafos, la Ciencia coincidía con la Ciudad.
En los desmesurados Desiertos, dilatadas Disciplinas fueron despedazadas.
Al Estudio entendieran se entregar,
las Generaciones Geográficas
que los habían habitado.
Fue ese Imperio Inútil de la Impiedad que empezó las Inclemencias de los Inviernos.
Lograran levantar, aunque
por lo menos un Mapa, los Mendigos,
Y ocuparan el Oeste que se hizo otro.
Con Perfección, en su Provincia puntualmente perduran su País.
Del Rigor, restaron Ruinas y Reliquias.
Solos, se satisficieron y siguieron, aunque sin Sol.
Tal es que tienen todo el tiempo y el tamaño.

4 comentários:

  1. Genial, Storels! A inversão fez muito sentido.
    Li esse texto quando, ao mesmo tempo, lia um trecho de Diálogos, do Platão e tentava me convencer da legitimidade dos métodos. Foi ótimo, saí da crise rapidinho.
    Beijo

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  2. Opa! atualizou o blog...

    Não é por nada, seu texto ficou melhor que o do Velho B.

    Beijos

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  3. Bonita sua poética, Storel. Veja Um Amor de Borges.

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  4. amigo....

    dá uma olhada.... talvez vc já tenha visto....

    http://videos.sapo.mz/zTagZKeMKtVd7gSQmqPY

    o que acha?

    um abç

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